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Farinha nacional e o pão verdadeiro
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Quão verdadeiro é o seu pão? Porque a qualidade do seu produto vai depender, e muito, da intenção que você coloca nele. Sim, estou falando da sua alma no pão.
Vamos começar falando que é possível, sim, fazer um pão verdadeiro com farinha nacional. Não é o máximo? Agora, tenho muitas perguntas para fazer a você:
Quão verdadeiro é o seu pão? Porque a qualidade do seu produto vai depender, e muito, da intenção que você coloca nele. Sim, estou falando da sua alma no pão. E, mais, estou falando de pão artesanal, sem máquina, sem aditivo, sem reforçador, pão feito à mão, na sua casa, na sua oficina, no seu estabelecimento comercial, no seu forninho elétrico, no forno pequeno à lenha ou no forno de um fogão de quatro bocas.
Sempre ouço que padeiro que é padeiro fará pão com qualquer farinha, em qualquer forno e em qualquer situação. Mito ou verdade?
Pão com alvéolos reluzentes, pão macio e massudo, pão chato, “pãoqueca”, pão de centeio, de frutas, pão-bolo, pão de manteiga, pão cozido na água, pão assado, pão integral, pão de mandioca, “pãodim”, pão que é biscoito, pão que é bolinho, pão frito. Láááá no Togo tem um pão meigo de nome Fufu! Na Tunísia, o pãozinho é o bolinho iôiô!! Na Tanzânia, o pão é um pastel. No Gabão, o pão é feito com castanha e abacaxi. No Paquistão, o pão é a rosquinha de pistache e em Belarus, o pão é um bolinho quadriculado de pão branco. Ufa!! Isso pode?
O pão está no mundo, assim como o mundo está no pão.
Quantas possibilidades as farinhas do mundo dão aos seus povos para produzirem pães de todas as famílias, sabores e formatos? Como diz um amigo: pão é pão e ponto!
Seu objetivo principal é alimentar. Se tem pouca ou muita hidratação, se tem mais ou menos cinzas na farinha, se tem mais ou menos Ws, Ts, ou “GPSs”, para que será produzido e qual o seu destino é o que mais importa. Nem que eu vivesse mil anos conseguiria experimentar um pão diferente por dia nesse mundão afora!
E sabe do que são feitos? Da farinha NACIONAL de cada país. Nossa, que descoberta!
Em lugares simples, eles são feitos em chapas ou fornos de barro, assados no chão ou até em lugares em condições tão precárias que a vigilância sanitária brasileira surtaria para exigir bancadas de inox já! Gente, por favor, menos sempre foi mais.
Trabalho com farinha nacional desde que aprendi a fazer pão. E só por curiosidade: meus antepassados em Terra Brasilis também! Seja ela de milho, mandioca ou não. Uia!
Testo, erro, acerto, mudo fórmula, refaço, construo histórias afetivas, resgato memórias a partir da minha singela farinha, branquinha, fraquinha (?) e o mais legal: nacional! E ainda ensino a fazer pão com ela nas minhas oficinas, veja só! Assim, meus alunos conseguem produzir pães lindos e saborosos! O que posso querer mais?
O que, de verdade, você quer com o pão que produz? Quantos ou quais daqueles inúmeros pães citados acima você quer fazer? É para consumo próprio, para venda ou até mesmo para autoconhecimento?
Sim, o pão nos dá a oportunidade para muitas reflexões quando buscamos os ingredientes, preparamos nosso mise en place, misturamos, amassamos, moldamos, assamos e nos “empãoderamos” (risos)!
Quanta partilha é feita em torno do pão? Quantos amigos lhe encontram por causa do pão?
Então, lhe convido a resgatar em sua memória uma lembrança afetiva em torno dele. Puxa, você não tem nenhuma? Jura por Deus? Não minta pra mim! Busque. Você verá que aquele pão, bolo, biscoito, em algum momento lá das suas memórias afetivas, foi feito com a farinha de origem do seu país, do seu sítio, do seu quintal. Passeie com essa lembrança agora, sem medo de ser feliz, perfumando onde você estiver.
Sabe por quê? Porque o seu ou o meu pão verdadeiro pode, também, ser feito com a farinha nacional. Tudo de bom, não é, não?
Bons ventos, bons pães!
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